Menopausa: Como a Reposição Hormonal deve ser personalizada para Cada Mulher

A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, marcada pelo fim da menstruação e pelas mudanças hormonais que a acompanham.

Durante essa transição, muitas mulheres experimentam sintomas incômodos, como ondas de calor, suores noturnos, alterações de humor, secura vaginal, entre outros.
Para aliviar esses sintomas, a reposição hormonal (RH) pode ser uma opção indicada, mas é importante entender que não existe uma “receita pronta” para a reposição hormonal na menopausa.
Cada mulher tem uma história clínica única, e a reposição hormonal deve ser personalizada de acordo com suas necessidades, fatores de risco e condições de saúde. Neste texto, vamos explorar como a reposição hormonal é ajustada individualmente para cada paciente e por que pode ser necessário revisar o tratamento ao longo do tempo.

1. Não Existe uma Dose Padrão para a Reposição Hormonal

Uma das grandes dúvidas sobre a reposição hormonal na menopausa é a ideia de que existe uma dose “ideal” que funcione para todas as mulheres. A verdade é que, devido à complexidade hormonal e às diferentes reações de cada corpo, não há uma dose única ou padrão. A reposição hormonal precisa ser ajustada de acordo com vários fatores, como a saúde geral da paciente, os sintomas que ela está experimentando e o seu histórico médico.

2. Fatores que Influenciam a Escolha do Tratamento Hormonal

Os tratamentos de reposição hormonal podem ser diferentes para cada mulher, dependendo de alguns fatores-chave, como:
Mulheres sem útero (histerectomizadas)
Para as mulheres que passaram por uma histerectomia (remoção do útero), o tratamento hormonal pode ser diferente. Geralmente, para essas mulheres, a reposição hormonal pode ser feita com estrogênios isolados, já que não há necessidade de utilizar progesterona. A progesterona é utilizada em associação com o estrogênio para proteger o útero contra o risco de câncer endometrial, o que não é uma preocupação para quem não tem útero. No entanto, o tratamento continua sendo individualizado, levando em consideração o quadro clínico da paciente e outros fatores.
Mulheres com útero

Para as mulheres que ainda possuem o útero, a reposição hormonal precisa ser feita com estrogênio combinado com progesterona (ou progestágenos). O estrogênio é fundamental para o alívio dos sintomas da menopausa, como ondas de calor e suores noturnos, enquanto a progesterona tem um papel protetor contra o câncer endometrial. O ajuste dessas hormonas deve ser feito de forma cuidadosa, levando em consideração a resposta do corpo da paciente e seus sintomas.
Mulheres com mutação BRCA ou histórico de câncer de mama
Mulheres com mutações nos genes BRCA (BRCA1 ou BRCA2) ou com histórico de câncer de mama apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento dessa doença, o que exige precauções específicas ao iniciar a reposição hormonal. Neste caso, o tratamento hormonal pode ser contraindicado ou, quando indicado, realizado com doses muito mais baixas e com a escolha de tipos de hormônios mais seguros para esse perfil de risco.
Mulheres com histórico de trombofilias ou risco cardiovascular
Mulheres com histórico de trombofilias (tendência à formação de coágulos sanguíneos) ou com fatores de risco cardiovascular também exigem um cuidado especial. A reposição hormonal pode aumentar o risco de trombose, AVC e outros problemas circulatórios, dependendo da via de administração (oral, transdérmica, subcutânea) e dos hormônios escolhidos. Mas não é uma contraindicação absoluta! Nesses casos, o médico pode optar por vias alternativas de administração privilegiando via transdérmica (como adesivos ou géis), que apresentam menos risco tromboembólico.

3. Ajuste ao Longo do Tempo: O Corpo da Mulher Não Fica Estático

É importante ressaltar que, mesmo após o início da reposição hormonal, o tratamento pode precisar de ajustes ao longo do tempo. Isso porque as demandas hormonais e os sintomas podem mudar durante a menopausa, que é um processo de vários anos.
Mudanças nos sintomas e nas necessidades
Inicialmente, os sintomas mais comuns da menopausa, como ondas de calor e alterações no humor, podem ser os mais incômodos. No entanto, à medida que a mulher avança para a pós-menopausa, novos sintomas podem surgir, como secura vaginal, perda de massa óssea e alterações na função cognitiva. Com isso, pode ser necessário ajustar a dose dos hormônios ou até trocar a via de administração para um método mais eficaz.
Necessidade de monitoramento constante
Ao longo do tempo, pode ser necessário um acompanhamento médico constante para monitorar os efeitos da reposição hormonal e fazer ajustes nas doses de estrogênio, progesterona ou outros hormônios utilizados. O objetivo é garantir que a mulher continue a sentir-se bem e a evitar efeitos colaterais indesejados.

4. Escolha da Via de Administração: Oral, Transdérmica ou Outros Métodos

A via de administração também pode variar. As formas de reposição hormonal mais comuns são:

  • Oral: Comprimidos são uma opção tradicional, mas não são recomendados para mulheres com risco cardiovascular elevado, pois podem aumentar o risco de trombose.
  • Transdérmica: Adesivos ou géis oferecem uma alternativa mais segura para mulheres com risco cardiovascular, já que não passam pelo fígado e têm um efeito mais direto na circulação.
  • Via vaginal: comprimidos, óvulos ou géis de estrogênio são indicados para ressecamento vaginal pós menopausa, apresentando menor absorção (ou nenhuma absorção a depender da composição) na corrente sanguínea. A progesterona micronizada também pode ser administrada por meio de óvulo via vaginal para pacientes que fazem reposição sistêmica de estrogênio.
  • Implantes subcutâneos: Outra opção para quem busca uma reposição hormonal mais constante e sem a necessidade de lembrar-se de tomar um medicamento todos os dias – na menopausa os hormônios disponíveis na forma de implantes (pellets) são estrogênio e testosterona.

5. A Importância da Avaliação Individualizada

A reposição hormonal na menopausa nunca deve ser abordada de maneira genérica. O acompanhamento médico é essencial para garantir que o tratamento seja eficaz, seguro e adequado às necessidades de cada paciente. Isso significa que, além de avaliar o histórico de saúde, o médico deve considerar as preferências da paciente, sua qualidade de vida e os potenciais riscos.
Conclusão: Reposição Hormonal na Menopausa é Personalizada e Precisa de Acompanhamento
A reposição hormonal é uma ferramenta importante para o alívio dos sintomas da menopausa, mas não existe um protocolo único que funcione para todas as mulheres. Cada paciente é única e, por isso, o tratamento hormonal precisa ser individualizado. Além disso, é essencial que o acompanhamento médico seja contínuo, pois as necessidades hormonais podem mudar ao longo do tempo.

Conclusão

Se você está passando pela menopausa ou já entrou na pós-menopausa, não hesite em consultar uma ginecologista especializada. Juntas, vocês podem encontrar a melhor forma de tratar seus sintomas e garantir uma boa qualidade de vida durante essa fase.
Picture of Dra. Maria Carolina Madi

Dra. Maria Carolina Madi

Formada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.Especialista em contracepção, DIU, climatério, menopausa, laparoscopia, miomas, histeroscopia.
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Dra. Maria Carolina Madi

Formada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.Especialista em contracepção, DIU, climatério, menopausa, laparoscopia, miomas, histeroscopia.
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